sexta-feira, 21 de maio de 2010

repassando.

Autismo: ainda um enigma

Há mais de 70 anos, cientistas estudam aquela que é uma das mais enigmáticas desordens neurológicas: o autismo. Os mecanismos do distúrbio permanecem em grande parte desconhecidos, mas novos estudos indicam caminhos mais eficazes para tratá-lo.


Autismo: ainda um enigma

Um menino autista escondido debaixo da mesa de jantar, no breve instante em que mostra seu rosto ao fotógrafo (flickr.com/forevers ouls – CC BY-NC-ND 2.0).

“Ele vive no seu próprio mundo.” A frase é bastante utilizada para descrever de forma leviana pessoas distraídas, que dão pouca atenção ao que acontece ao seu redor. As mesmas palavras, entretanto, ganham um significado muito mais enfático quando se referem a um portador de autismo – uma desordem neurológica manifestada por uma tríade de sintomas: déficit de interação social, dificuldade de linguagem e comportamento repetitivo.
O autismo não é uma disfunção única, mas sim um espectro de problemas, que variam de intensidade e tipo
A imagem clássica da pessoa autista – reproduzida em filmes, livros e seriados de televisão – é a de um indivíduo indiferente ao ambiente que o cerca, balançando para frente e para trás, sem olhar nos olhos de ninguém, conversar ou demonstrar interesse por qualquer assunto. Como todos os estereótipos, essa representação do autismo não pode ser encarada como verdade absoluta.
Afinal, o autismo não é uma disfunção única, mas sim um espectro de problemas, que variam de intensidade e tipo. Uma criança com um autismo leve como a síndrome de Asperger, por exemplo, pode conversar, frequentar escolas normais e ter uma vida independente quando envelhecer.
E é justamente por abarcar uma infinidade de comportamentos e sintomas secundários que médicos e cientistas preferem classificar o distúrbio, de maneira mais geral, como desordens do espectro autista (ASD, na sigla em inglês).
Como um dos principais sintomas do autismo é a dificuldade de interação social e de comunicação, torna-se um duplo desafio para pais, médicos, neurologistas, psicólogos e psiquiatras diagnosticar e tratar de crianças que apresentam esse comportamento.
Não receber resposta a perguntas como ‘o que há de errado?’ e não conseguir estabelecer conexão com o filho ou paciente são situações cotidianas
Não receber resposta a perguntas simples como ‘o que há de errado?’ e não conseguir estabelecer conexão com o filho ou paciente são situações cotidianas para pessoas que lidam de perto com o autismo. “É uma charada difícil de ser desvendada, e por isso decepcionante e frustrante”, comenta o neuropediatra Leonardo deAzevedo, do Instituto Fernandes Figueira (IFF-Fiocruz) , no Rio de Janeiro.
DeAzevedo realiza estudos clínicos sobre o autismo, em especial sobre a relação entre o distúrbio e o sistema imunológico do seu portador. Além dele, outros pesquisadores e médicos do Laboratório de Neurobiologia e Neurofisiologia Clínica do setor de Neurologia do instituto têm as desordens do espectro autista como objeto de estudo, como é o caso do neurofisiologista Vladimir Lazarev e do neurologista Adailton Pontes, mais voltados para a neurofisiologia da desordem.

Diagnóstico: quanto antes, melhor

O documentário O nome dela é Sabine, dirigido pela atriz francesa Sandrine Bonnaire, apresenta bem alguns aspectos da vida de uma pessoa portadora de autismo. No filme, a diretora focaliza sua irmã, Sabine, portadora de um tipo de autismo que não é explicitado ao longo do documentário. Ela tem olhar vago, está acima do peso, não estabelece contato visual, repete a mesma pergunta várias vezes, não mantém uma conversa por muito tempo e tem surtos ocasionais de violência.
Sobre essa imagem triste da irmã, a diretora contrapõe trechos de filmes caseiros antigos, nos quais Sabine está completamente diferente. Mais magra, ela parece demonstrar mais domínio sobre seu corpo, conversa com a irmã com muito mais facilidade, dança e ri.
A diferença entre essas duas Sabines é enorme, e logo o espectador compreende: por falta de diagnóstico e tratamento adequados, Sabine acabou por ser internada num hospital psiquiátrico, onde permaneceu por cinco anos. O filme parece ser um mea culpa de Sandrine em relação à piora drástica da irmã.
Sabine Bonnaire, em cena do filme 'O nome dela é Sabine'
Sabine, irmã autista da diretora Sandrine Bonnaire, em cena do filme que a mostra antes – acima – e depois de ter passado cinco anos internada em um hospital psiquiátrico (imagem: reprodução).
Episódios como esse, no entanto, em que uma criança portadora de autismo é erroneamente diagnosticada e, por isso, não passa por tratamentos adequados, não são raros, mesmo hoje em dia. No Brasil, por exemplo, ainda há muitos casos de diagnóstico tardio. A dificuldade, por parte dos pais, de perceber os sintomas em seus filhos ainda bebês, juntamente com o desconhecimento em relação ao distúrbio, fazem com que a criança seja apontada como autista somente quando está mais velha
Quanto antes for feito o diagnóstico do autismo, mais fácil e eficiente é o tratamento
Esse cenário está longe do ideal. É de consenso geral entre os cientistas: quanto antes for feito o diagnóstico do autismo, mais fácil e eficiente é o tratamento e, consequentemente, também a melhora. Para o médico Estevão Vadasz, coordenador do Projeto Autismo no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, o ideal é que o diagnóstico seja feito quando a criança tem entre um ano e meio e dois anos. “O mais comum, no entanto, é a partir dos três anos de idade”, afirma.
Por apresentar diversos sintomas e níveis, o próprio diagnóstico para a desordem do espectro autista é bastante individualizado e subjetivo. Segundo Vadasz, a observação é a base para que se aponte se uma criança tem ou não autismo. “Observamos as três áreas mais afetadas pelas desordens autistas: a comunicação e a linguagem, a socialização; e os comportamentos repetitivos e interesses circunscritos” , explica o médico, acrescentando que não há um exame médico específico para o diagnóstico do autismo.
Segundo um relatório de 2006, uma em cada 110 crianças é portadora de uma desordem do espectro autista
No Brasil, não há uma estimativa oficial do governo de casos de autismo na população e, para fins estatísticos, utilizam-se dados extrapolados de instituições estrangeiras, como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC). Segundo um relatório de 2006 desse instituto, uma em cada 110 crianças é portadora de uma desordem do espectro autista. O número parece bastante alto, mas os critérios do instituto provavelmente englobam muitos níveis de autismo, inclusive os mais leves.

Você leu apenas o início da reportagem de capa da CH 270. Clique no ícone a seguir para baixar a versão integral. PDF aberto (gif)Autismo: ainda um enigma


http://cienciahoje. uol.com.br/ revista-ch/ 2010/270/ autismo-ainda- um-enigma

Recebi esta mensagem no meu e-mail e resolvi postar espero que vcs gostem .

domingo, 16 de maio de 2010

Relatória individual dos alunos

Relatório de Observação:

Nível: IV
Crianças entre 4à5 anos

ANA
Neste primeiro semestre, ela mostrou-se uma criança independente e gosta de auxiliar os colegas nas atividades de sala.
Tem confiança em suas respostas e gosta de mostrar seu trabalho aos colegas explicando sua idéia para todos.
Ana é uma criança muito comunicativa, fala frequentemente com os colegas e professoras. Compreende as explicações e responde as perguntas. Tem uma linguagem fluída e entende-se facilmente o que diz.
É capaz de explicar histórias, e contar para os colegas. Demonstra atenção e prazer de ouvir contos e textos.
Diferencia escrita de desenhos. Reconhece seu nome e de alguns colegas; copia seu nome sem modelo.
Conhece todas as letras e escreve silabicamente, colocando uma letra para cada sílaba; valoriza o som da vogal ou da consoante.
Reconhece e escreve os números até 20. Faz contagem oral quando solicitado em situações nas quais são necessárias.
Identifica as formas geométricas.
Conhece e nomeia todas as cores.
É capaz de descrever características de objetos por cor, forma, tamanho, textura, etc.
Compara quantidades entre conjuntos: “há mais”, “há menos”, “ igual”. Consegue juntar quantidades.
Realiza seus hábitos de higiene adequadamente.
Agrada-lhe passear e fazer excursões. Participa ativamente das manifestações culturais ou festivas.
Nomeiam as pessoas de sua família, as dependências da sua casa e da escola e conhece suas utilidades.
Agrada-lhe atividade plástica, como: modelagem, desenho, pintura com tinta, etc.
Mostra-se muito participativa nas atividades musicais. Canta respeitando a entonação e consegue recordar-se das canções e fragmentos de musicas trabalhas.
Segue o ritmo de uma música com o corpo e mostra graça e coordenação quando dança.
Explora diferentes qualidades e dinâmicas do seu movimento, como força, velocidade, resistência e flexibilidade, conhecendo gradativamente os limites do seu corpo.
Quanto ao projeto do segundo bimestre no qual foi trabalhada pintura, vimos que ela ficou entusiasmada ao abordamos esse tema, por conhecer todas as cores e não saber que misturando uma cor com outro surgi novas cores, e quando descobriu que misturando vermelho com amarelo resulta na cor laranja, começou a fazer diversas misturas, primárias com secundárias e até mesmo secundarias com terciárias. Demonstrou interesse ao pintar com o auxilio do canudo tornando assim uma grande brincadeira.

Dislalia

Como trabalhar as ilustrações de vocabulário

Sentados em círculo, o professor mostra uma ficha e pede que pronunciem o nome do desenho mostrado. Numa conversa informal, incentiva a pronúncia correta, sem intimidar quem errou, apenas repetindo da forma certa a pronúncia.

Sentados em círculo, fichas ilustradas embaralhadas no centro, o professor pede que cada um retire uma carta e não mostre aos colegas. Em seguida, um a um, devem fazer a mímica dos desenhos ou ilustrações que pegaram e os demais tentarão adivinhar. Ou seja, sem perceber, a criança estará pronunciando vários nomes e palavras, na tentativa da adivinhação. O professor deve ficar atento e incentivar a pronúncia correta dos nomes;

Sentados em círculo, cada um apanha uma carta. Uma criança começará uma história a partir da carta que pegou e os demais devem continuar a história, sempre incluindo o nome do desenho ou ilustração que está em seu poder. Por exemplo: Augusto pega a carta de um cachorro: "Era uma vez um cachorro". Se Augusto pronunciar "tachorro", deve ser incentivado a pronunciar novamente, sem no entanto, desejar resultados imediatos. É preciso ir com paciência para não causar constrangimento e apelidos. Paulo dará continuidade: "Era uma vez um cachorro e ele encontrou um gatinho...". Assim sucessivamente, cada qual deve acrescentar algum novo fato à história, até que tenham um final. Em classes cuja faixa etária permita, pode ser feito o registro do texto por parte dos alunos.

Lancheira

Porta Fosfóro

Calendário

Porta história

Porta ficha com nomes dos alunos

Avaliação na Educação Infantil

Avaliação na educação infantil – segundo Hoffmann

Penso que nós professores temos que ultrapassar as fichas classificatórias...
Hoffmann (2002)

É urgente analisar o significado da avaliação no contexto próprio da educação infantil, resgatando os seus pressupostos básicos e evitando tenazmente seguir modelos da prática classificatória da escola tradicional. É possível fugir de quaisquer procedimentos classificatórios e seletivos que imperam no ensino regular.É preciso, portanto, re-significar a avaliação em educação infantil como acompanhamento e oportunização ao desenvolvimento máximo possível de cada criança, assegurando alguns privilégios próprios dessa instância educativa, tais como o não-atrelamento ao controle burocrático do sistema oficial de ensino em termos de avaliação, e a autonomia em relação à estrutura curricular (p.14).
É importante pensarmos sobre isso...
Hoffmann (2002)
Daí, a extrema importância, no meu entender, de se ultrapassar fichas classificatórias de avaliação e pareceres descritivos superficiais e comportamentalistas, e se alcançar a elaboração de relatórios que contemplem o próprio dinamismo do processo de desenvolvimento infantil. Relatórios que contemplem o dia-a-dia da criança e do professor, que possibilitem acompanhar a história de vida da criança numa instituição de forma a representar o elo entre as ações educativas desencadeadas por educadores que trabalhem com ela nos diferentes níveis de educação infantil (p. 50).
Acreditamos que a autora propõe o uso de relatórios pelos professores para avaliar a criança, o que para muitos de nós é um “bicho de sete cabeças”. O que ela enfatiza é que devemos aprender a descrever em vez de comparar a criança, como nas chamadas “fichas de avaliação” acontece. Bassedas, Huguet e Solé (1999), sobre isso, afirmam: “pensamos que um comentário individualizado feito pela professora sempre é mais rico do que uma cruz ou um sublinhado nas pautas já impressas em um papel” (p.188). Concordamos com as autoras quando dizem da riqueza deste registro individual do aluno. Acreditamos que esta forma de se expressar, principalmente para os pais, é muito bem-vinda, pois lerão algo que fala exclusivamente do seu filho. E verão no professor alguém que se preocupa com o crescimento e desenvolvimento da sua criança.
Quando documentamos, somos co-construtores das vidas das crianças e podemos perceber como nos relacionamos com a criança de outra maneira. Freire (2001) diz que “o registro permite romper a anestesia diante de um cotidiano cego, passivo ou compulsivo, porque obriga a pensar”. A nossas descrições, documentações e observações são construídas e são formas as quais podemos utilizar para conhecer a criança.
A documentação, a observação e o registro são aspectos que devemos desenvolver em nossa prática pedagógica, pois são meios que utilizamos para ver a criança no seu grupo e individualmente, lançando mão de instrumentos que possibilitem identificar situações que nos chamam a atenção a respeito da criança. Também que, possivelmente, temos que perceber se nosso planejamento pedagógico contempla o nível de desenvolvimento proposto naquele momento. Sendo assim, estes aspectos sobre a criança realmente nos obrigam a pensar e a refletir o dia-a-dia da sala de aula.
Vários autores sugerem alguns aspectos importantes de que um professor deve “lançar mão” para então poder elaborar um relatório de avaliação da criança. Rovira & Peix (2004) esclarecem:

A observação estará relacionada com os seguintes aspectos: Evolução integral da criança: aspectos físicos, psicobiológicos, maturativos. Condutas atitudinais da criança no que se refere às diferentes atividades, ao espaço, a seu ambiente, à escola, às pessoas. Relações sociais e afetivas com as outras crianças, com os adultos. Hábitos pessoais, sociais e de trabalho. Estratégias de aprendizagem das diversas áreas e linguagens curriculares. O jogo nas diferentes manifestações: livre ou dirigido. Atitude do professor em relação ao próprio grupo e a outros adultos. As relações escola-família. Características que oferece o ambiente escolar: distâncias, meios de transporte, componentes socioculturais. A própria escola, os recursos, os materiais, sua funcionalidade, sua utilização (p.388).
Acredito que quanto maior for a consciência das nossas práticas pedagógicas, maior a nossa possibilidade de mudar por meio da construção de um novo espaço, de uma nova proposta de avaliação. Isto pressupõe que nós devemos nos envolver em uma auto-reflexão contínua, levando tudo isso como um desafio para a nossa própria documentação pedagógica, e a maneira como temos nos constituído como professores.
Entendo que devemos refletir a nossa prática e o nosso discurso de forma crítica, pois, por meio da observação e documentação do nosso fazer, podemos ver e questionar a nossa imagem que temos de criança, os discursos que incorporamos e produzimos e que voz, direitos e posição a criança adquiriu em nossas instituições dedicadas à primeira infância.